O tempo entre costuras, de María Dueñas

O Tempo Entre Costuras é um livro onde as costuras têm realmente um papel importante. Se te vai ensinar a costurar? Não, de todo. Se te vai dar vontade de o fazer? Possivelmente. É um romance histórico passado entre a altura da Guerra Civil Espanhola e da Segunda Guerra Mundial que, só por aí, já torna suspeita toda esta review, por esta ser uma época que sempre me suscitou interesse, mas seguindo…

Sira é uma jovem madrilena que desde pequena se viu envolta em costuras. A sua mãe era costureira e ela própria começou a trabalhar num atelier desde cedo: inicialmente tratando de recados e, posteriormente, pegando na agulha e pondo mãos à obra. Com a guerra a aproximar-se, os clientes foram diminuindo, chegando a altura em que o atelier fecha as suas portas, tal como tantos outros negócios. Sira estava na altura noiva de um jovem carinhoso, mas eis que a vida dá as suas voltas e se vê envolvida num amor exacerbado que a faz terminar o noivado e mudar de país. Se isto pode ser considerado um spoiler? Não. Porquê? Porque tudo isto acontece nas primeiras 30 páginas, ou coisa assim parecida.

Segue-se à mudança de país uma desilusão de amor e uma reviravolta total à sua realidade, que a faz ter que agarrar a vida pelos cornos (demasiado violento?), onde se vê forçada a agir de formas que nunca pensou para conseguir ultrapassar as dificuldades que se viviam. Vemo-la, ao longo do livro, tornar-se uma mulher mais segura de si, decidida e corajosa que, aos poucos, vai conseguindo tomar as rédeas da sua vida, ultrapassando vários obstáculos que se lhe apresentam.

É um livro que ‘cola’, pois só é possível largá-lo na última página. Cheio de emoção e reviravoltas, mostra-nos a perspetiva de uma mulher que, em alturas conturbadas da história, se vê sozinha e tem forçosamente que abrir caminhos diversos para construir a sua vida a partir do zero. Mistura ficção com factos reais do que foi esta época, falando muito de política com fluidez e leveza, que faz o leitor absorver todo este tema de forma subtil e meio inconsciente.

Apesar de ser péssima no que toca a dar estrelas a livros, porque vou demasiado pelo que o livro me faz sentir ou não no momento, dei a este 5 estrelas. Considero que María Dueñas fez um excelente trabalho em misturar factos com ficção, o que torna não só esta obra numa peça de aprendizagem como também de lazer, pelo fio traçado entre as costuras de Sira.