Cem anos de perdão, de João Tordo
- MC
- 20 de fev. de 2023
- 2 min de leitura

Cem anos de perdão. Um thriller de João Tordo, continuação do primeiro livro que comprei do autor: Águas passadas. Não é o género literário que mais leio, mesmo sabendo que é daqueles que é impossível largar, por toda a ação inerente ao tipo de narrativa. Este livro especificamente também foi lido assim de rajada. É uma sequela, mas mais por duas personagens que se repetem e não propriamente pela história desenvolvida ao longo do livro. Torna-se importante ler o primeiro para se perceber a dimensão que alguns dos acontecimentos da história podem ter na vida de Pilar.
Para fugir do seu passado traumático, Pilar acaba por aterrar numa ilha inglesa, St. Dismas, onde um mistério sobre uma morte por crucifixo acorda em si a necessidade de tratar causas perdidas. Nesta ilha há uma zona escura, comandada por uma religião extremista que, na perspetiva de Pilar, muitos encobrimentos tem, encobrimentos estes que a levam ao seu limite para instaurar a justiça. O problema é que esta justiça que ela procura já vem com 300 anos de atraso, onde de certo muitos abusos foram feitos, e que não serão fáceis de descortinar.
No que toca à história, é interessante toda a temática que aborda. Fala de temas sensíveis (todos os relacionados com a religião são sensíveis, certo?) de forma inteligente. Não há propriamente uma crítica à religião mas mais aos abusos de poder que existem, aos fanatismos e onde estes podem levar o ser humano. O enredo está todo muito bem construído, são libertados pormenores da história aos poucos, como qualquer thriller que se prese, o que faz com que esta se torne uma leitura ávida. O que não posso dizer é que tenha sido completamente imprevisível. De certo que já não será fácil surpreender o leitor num livro deste género, tendo em conta que há tantas histórias destas por aí (quer livros, séries, filmes, etc.) que já nos indicam para onde olhar à procura de suspeitos, mas a verdade é que neste tipo de leitura espera-se sempre ficar de queixo caído de tal forma que há perigo de baba. Não aconteceu neste livro (manteve-se tudo sequinho) mas também não foi por isso que deixei de gostar de o ler. Só não foi perfeito. A escrita é muito boa, o lado meio sombrio que vai aparecendo nos romances do autor também está presente, só faltou mesmo aquele pozinho de prelimpimpim que faz o livro ser o verdadeiro «chef's kiss».
Ah! Ainda pensei que o título pudesse ter algo a ver com o Cem Anos de Solidão, do García Márquez mas não, vem mesmo de uma expressão portuguesa que está ligada à história. Tudo bem, nada a dizer, é só giro fazer juízos de valor às coisas assim à primeira vista.
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