O conto da ilha desconhecida, de José Saramago
- MC.
- 2 de abr. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de nov. de 2022

Não podia deixar de falar deste conto, porque foi ele que me fez mergulhar no mundo de Saramago. Lembro-me de ter lido este livro ainda na escola, aos 13 anos, e de me ter ficado gravado na memória. Ainda hoje tenho um post it no meu armário em casa dos meus pais, com uma das suas citações: "Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar" e lá se há de manter.
Começo já por dizer que gosto mesmo da escrita de Saramago. No prefácio que o próprio escreveu num livro de Valter Hugo Mãe, o escritor faz uma analogia muito engraçada do seu tipo de escrita ao sistema de semáforos, em que diz que estes só estão lá (na estrada, digo) para atrapalhar. Quando estes não existem, o condutor é obrigado a estar com muito mais atenção à estrada. Assim é a escrita dele! Não é possível ler com a cabeça na lua, mas estando concentrado, mostra ser uma linguagem fluída.
Ora este conto fala sobre um homem que vai à porta do rei (à porta das petições) pedir um barco. E para que queria ele o barco? Para encontrar a ilha desconhecida, claramente. Pois o rei repetia que as ilhas já estavam todas descobertas e que já estavam desenhadas no mapa. Mas como raio sabia ele se as ilhas desconhecidas já estavam no mapa se eram desconhecidas? Pois bem, com a sua lengalenga lá conseguiu não só um barco, como companhia para o navegar.
Este pequeno grande livro (sim, para mim é um grande livro) fala-nos sobre a autodescoberta, sobre o sonho e o caminho para lá chegar. É um livro especial que toca no coração de qualquer pessoa, e que se torna tão especial pela sua simplicidade. Impossível não gostar!
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