A Peregrinação do Rapaz sem Cor, de Haruki Murakami
- MC.
- 12 de set. de 2022
- 2 min de leitura

Em nove livros que já li do Murakami, este foi o primeiro em que cheguei ao fim com a sensação de que faltou alguma coisa! É assim, se nos dão dicas a meio de um livro sobre o que quer que seja, por favor desvendem o mistério no fim! É que fica-se com água na boca, e depois? Depois é chuchar no dedo. Passando a revolta à frente, este não foi de todo um dos preferidos, mas não deixei de gostar. Trata-se de uma história mais simples, sem aquela magia subtil que se vai vendo nos outros livros (pelo menos os que eu já li). Claro que acontecem coisas estranhas na mesma... só que o Murakami decidiu deixar-nos na ignorância sobre o que realmente aconteceu, só isso.
Este livro centra-se na amizade entre Tsukuro e quatro outros amigos, e em como esta amizade toldou a vida de todos. Este grupo de cinco amigos era inseparável na adolescência. Partilhavam tudo uns com os outros e faziam por manter a harmonia entre todos - era realmente algo que faziam ativamente. O grupo era composto por duas raparigas e três rapazes, mas algo que tentavam era que nunca se criassem pares amorosos, pois isso ia fazer com que ficasse sempre um elemento de fora. Esta grande afinidade terminou de forma abrupta sem que Tsukuro conseguisse saber porquê, e esta dúvida persistiu durante dezasseis anos, anos estes que criaram muitas feridas e cicatrizes. Vamos ao longo do livro acompanhando o processo de descoberta (ou não) dos acontecimentos do passado, e percebendo como tudo o que se passou mudou a forma de ser da personagem.
É engraçado que ao longo deste livro fui dando comigo a analisar algumas coisas da própria escrita, algo que não é costume acontecer. Realmente já me tinham dito que o achavam um pouco descritivo (para a pessoa em questão, numa nota menos positiva), e eu nunca tinha reparado, mas realmente é bastante descritivo! No caso dele não sinto que seja demais, mas enfim, reparei. Depois também me lembro de chegar à última página com a sensação que aquela não soava à página final de um livro. Parece que ainda vai continuar qualquer coisa, mas que depois o autor se cansou e decidiu deixar assim. Muito provavelmente não foi nada disto, até porque um final inacabado é também uma forma de acabar um livro mas, mais uma vez, foi a sensação que me deu.
Não vou deixar de recomendar Murakami pois sinto mesmo que é um autor inteligente, com histórias fora da caixa e muito interessantes! Quero continuar a lê-lo e conhecê-lo cada vez melhor através da sua escrita.
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