A Gorda, de Isabela Figueiredo
- MC.
- 12 de mai. de 2022
- 2 min de leitura

Não é (para mim pelo menos) um livro que seja propriamente prazeroso de se ler. Nascemos numa sociedade em que há tanto preconceito com o corpo, que é inevitável que este preconceito passe para nós. Cabe a cada um desconstruir estas ideias pré concebidas e saber olhar para o corpo como isso mesmo: um corpo! Não é o corpo que dita a personalidade da pessoa ou os seus valores. O corpo é, no máximo, o instrumento que nos permite viver a nossa vida e por isso devíamos estar-lhe gratos.
Este livro fala sobre uma mulher que, sendo gorda, apenas se permitiu viver com as sombras que o corpo lhe provocou, quer com luz apontada pelos outros quer por si própria. Uma vida inteira sem se aceitar e sem gostar de si, que a tornou amargurada e só. Uma solidão que se foi instalando enquanto crescia e que estava sempre de mão dada com os comentários pejorativos apontados à sua forma (mais uma vez, apontando com dedos alheios mas também com o seu). Culpou a solidão na forma do corpo, quando bastava aceitar-se para que o olhar sobre as suas vivências mudasse e permitisse viver experiências mais leves e concretizadoras.
Saltitamos para a frente e para trás no tempo na vida de Maria Luísa, e temos como ponto de ligação a sua casa. Os capítulos estão divididos por divisões da casa e, a partir daí é-nos dado a conhecer as suas histórias que de alguma forma se ligavam com cada espaço. Termina no hall, e na saída de casa para um recomeço e uma cura progressiva das feridas causadas por falta de amor próprio.
Sempre me chamou a atenção nas livrarias, e finalmente peguei-lhe. Posso dizer que acho o tema muito pertinente, principalmente porque a inclusão é importante em qualquer tema. Não posso dizer que tenha adorado o livro. Não consegui sentir ligação com a personagem nem consegui sentir-me dentro da perspetiva dela na sua relação com o corpo, razão pela qual acho este tipo de livros importantes: fazer o leitor sentir-se na pele de outro. Por outro lado houve várias alturas do livro em que achei a personagem principal mesmo irritante e tonta. Não foi uma leitura nem boa nem má, andou ali no meio...



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